sábado, 17 de outubro de 2009

HIDROPONIA

1. INTRODUÇÃO

Os sistemas hidropônicos de produção de plantas vêm sendo empregados no Brasil para diversas culturas, como hortaliças folhosas (Faquin e Furlani, 1999; Santos, 2000a; Benini et al., 2002), de frutos (Moraes e Furlani, 1999; Fernandes et al., 2002) e de tubérculos (Medeiros et al. 2002). A escolha do sistema hidropônico a ser empregado depende, entre outros fatores, do porte da espécie a ser cultivada e, principalmente, da disponibilidade e custo dos materiais com potencial de uso como substratos.
No cultivo de pimenta em hidroponia, o sistema mais utilizado é o fluxo laminar de nutrientes (NFT). Dentre os fatores de produção, a nutrição mineral é essencial para elevar a produtividade e melhorar a qualidade do produto (Furlani et al., 1999). Uma das adaptações pelas quais passou a NFT visando aumentar a inércia térmica da solução nutritiva e o suprimento de oxigênio às raízes é o emprego de substratos. Essa técnica apresentou forte expansão nos países mediterrâneos na última década, onde a maior parte dos sistemas hidropônicos de produção empregam algum tipo de substrato (CTIFL, 1995; Cañadas, 1999; Alpi e Tognoni, 1999). No Brasil, o cultivo em substratos foi introduzido em algumas regiões, principalmente para o cultivo de hortaliças e frutos (Gemainder e Furlani, 1999). Todos os nutrientes essenciais devem ser fornecidos em níveis compatíveis às exigências de cada espécie e de acordo com a fase de desenvolvimento (Haag et al., 1993).


No manejo da solução nutritiva, fatores como temperatura (níveis ótimos em torno de 24 ± 3ºC), pH (valores adequados entre 5,5 a 6,5) e condutividade elétrica da solução nutritiva (faixa ótima entre 1,5 a 4,0 dS m-1) devem ser monitorados e controlados periodicamente (Furlani et al., 1999). O controle do pH é relevante para a manutenção da integridade das membranas e para evitar a precipitação de micronutrientes como ferro, boro e manganês e fósforo (Martinez, 2002). A condutividade elétrica encontra-se diretamente associada à concentração iônica e à absorção dos nutrientes pela cultura ao longo do seu desenvolvimento (Marschner, 1995).
Segundo (Martinez 2002), para a minimização de erros experimentais na análise de sintomas induzidos pelo excesso ou deficiência de um nutriente em solução nutritiva é recomendável a utilização de concentrações mínimas. Em geral, há tendência de redução da concentração iônica da solução nutritiva nos cultivos hidropônicos comerciais, especialmente em ambientes cujas temperaturas, luminosidade e umidade relativa são altas e nas estações mais quentes do ano (Furlani et al., 1999; Cometti, 2003).








2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Capsicum frutescens

A pimenta-malagueta (Capsicum frutescens) é um arbusto pequeno da família das solanáceas, nativo de regiões tropicais da América, muito cultivado no Brasil. Tal espécie de arbusto possui folhas ovais, acuminadas, flores alvas e bagas fusiformes, vermelhas, (Figura 1) bastante picantes, utilizadas como condimento e excitantes do aparelho digestivo. É bastante comum o uso tanto do nome popular como do científico para os diversos cultivares de Capsicum annuum com frutos muito pungentes.


Figura 1 foto Capsicum frutescens : Fonte: instituto eco-engenho


O primeiro europeu a ter contato com a pimenta-malagueta foi Cristóvão Colombo quando desembarcou pela primeira vez na região onde se localiza atualmente o México. Além de ser uma iguaria nobre muito apreciada pelos antigos habitantes das Américas, era também utilizavam como corante natural e, sobretudo, como medicamento. Menos de um século depois de ser levada à Europa, a pimenta-malagueta ganhou o mundo e, devido às suas qualidades, se espalhou por diversas culturas ancestrais, incluindo a Arábia, a Índia e a China. Desde então, vem seduzindo cada vez mais pessoas em todos os continentes.
Além de ardida e saudável, esta pimenta traz sabores e cores especiais aos alimentos e está integrada à cultura de diversos países, especialmente do Brasil, destacando o caráter dos seus pratos típicos mais apreciados.

2. 2 Capsicum baccatum var. pendulum

Planta arbustiva, muito fechada e ereta. Frutos medindo certa de 13 x 1 cm, com sabor muito picante quando maduros(Figura 2). Também podem ser consumidas ainda verdes. Rica em vitamina A, é saborosa tanto in natura quanto em conserva. Por possuir sabor extremamente picante, deve ser consumida com moderação.




Figura 2 foto Capsicum baccatum var. pendulum , Fonte: Fonte: instituto eco-engenho


No Brasil, as pimentas e pimentões do gênero Capsicum apresentam um cultivo anual em torno de 12.000 ha, com uma produção de aproximadamente 280.000 ton de frutos, estando a maior produção de pimenta (Capsicum baccatum var. baccatum) cultivar dedo de moça, localizada no município de Turuçu-RS com cerca de 120 ha cultivados, com rendimento médio de 1,8 mil Kg.ha-1, correspondendo a 80% da produção nacional desta cultivar, consumida, em sua maior parte, na forma seca e moída, condimentando embutidos, molhos ou geléias.

3.0 METODOLOGIA

3.1 - Sistema NFT (Nutrient film technque) com emprego de substrato

Neste projeto, foi adotado o Sistema NFT (Nutrient film technique), ou técnica do fluxo laminar de nutrientes: composto basicamente de um tanque de solução nutritiva, de um sistema de bombeamento, dos canais de cultivo onde esta presente o substrato e de um sistema de retorno ao tanque. A solução nutritiva é bombeada aos canais e escoa por gravidade formando uma fina lâmina de solução que irriga as raízes.
A maioria das plantas têm o solo como o meio natural para o desenvolvimento do sistema radicular, encontrando nele o seu suporte, fonte de água, ar e minerais necessários para a sua alimentação e crescimento. As técnicas de cultivo sem solo substituem este meio natural por outro substrato, natural ou artificial, sólido ou líquido, que possa proporcionar à planta aquilo que, de uma forma natural, ela encontra no solo (Canovas Martinez apud Castellane e Araújo, 1995).
Existem diversos tipos de sistemas de cultivo sem solo variando de acordo com a estrutura, substrato e fornecimento de oxigênio.
Sistema NFT com substratos serve de sustentação de hortaliças frutíferas, de flores e outras culturas, cujo sistema radicular e cuja parte aérea são mais desenvolvidos, utilizam-se canais ou vasos cheios de material inerte, como areia, casca de arroz carbonizada, pedras diversas, entre outros; a solução nutritiva é percolada através desse material e drenada pela parte inferior dos canais ou vasos, retornando ao tanque de solução.(Teixeira, 1996).
Na hidroponia, cujos sistemas são mais caros e exigentes no manejo, as expectativas de produção em quantidade, qualidade e segurança são maiores do que nas culturas que são produzidas de forma tradicional. Uma vez que na hidroponia, a planta encontra, em ótimas condições, os elementos que necessita (água, nutrientes, oxigênio, etc.), pode haver grandes oscilações de produção, dependendo do controle correto ou incorreto dos fatores de produção fornecidos à planta. (Teixeira, 1996).

3.2 - Vantagens do uso do sistema NTF

- Produção de melhor qualidade: pois as plantas crescem em um ambiente controlado, procurando atender as exigências da cultura e com isso o tamanho e a aparência de qualquer produto hidropônico são sempre iguais durante todo o ano;
- Trabalho mais leve e limpo: já que o cultivo é feito longe do solo e não são necessárias operações como arações, gradagens, coveamento, capinas, etc;
- Menor quantidade de mão-de-obra: diversas práticas agrícolas não são necessárias e outras, como irrigação e adubação, são automatizadas;
- Não é necessária rotação de cultura: como a hidroponia se cultiva e meio limpo, pode-se explorar, sempre, a mesma espécie vegetal;
- Alta produtividade e colheita precoce: como se fornece às plantas boas condições para seu desenvolvimento não ocorre competição por nutrientes e água, e além disso, as raízes nestas condições de cultivo não empregam demasiada energia para crescer antecipando o ponto de colheita e aumentando a produção.
- Menor uso de agrotóxicos: como não se emprega solo, os insetos e microorganismos de solo, os nematóides e as plantas daninhas não atacam, reduzindo a quantidade de defensivos utilizada;
- Mínimo desperdício de água e nutrientes: já que o aproveitamento dos insumos em questão é mais racional;
- Melhor possibilidade de colocação do produto no mercado: por ser um produto de melhor qualidade, aparência e maior tamanho, torna-se um produto diferenciado, podendo agregar à ele melhor preço e comercialização mais fácil;


3.3 Desvantagens do uso do sistema NTF

- Os custos iniciais são elevados, devido à necessidade, construção de estufas, mesas, bancadas, sistemas hidráulicos e elétricos. Dependência grande de energia elétrica. O negócio para ser lucrativo exige conhecimentos técnicos e de fisiologia vegetal. Em um sistema fechado, com uma população alta de plantas, poucos indivíduos doentes podem contaminar parte da produção. Exige rotinas regulares e periódicas de trabalho
- O balanço inadequado da solução nutritiva e a sua posterior utilização podem causar sérios problemas às plantas. O meio de cultivo deve prover suporte às raízes e estruturas aéreas das plantas, reter boa umidade e, ainda, apresentar boa drenagem, ser totalmente inerte e facilmente disponível. (Castellane e Araújo, 1995);
- Emprego de inseticidas e fungicidas: No início do emprego da hidroponia, para fins comerciais, se propagava que não ocorriam pragas e doenças no referido sistema de cultivo. Hoje, sabe-se, que se pode ter esses problemas na instalação hidropônica, embora em muito menor grau em comparação com o sistema convencional. Entretanto, a decisão quanto ao uso de inseticidas e fungicidas sempre é muito difícil. Deve-se, sempre, procurar alternativas menos agressivas à saúde e ao ambiente, evitando, ao máximo, o uso de produtos químicos. Pois, caso contrário, o método perde um dos atrativos de comercialização (Teixeira, 1996);
- Os equipamentos necessários para trabalhar as culturas hidropônicas devem ser mais precisos e sofisticados que para o solo, portanto, mais caros de aquisição, instalação e manutenção. A falta de inércia dos sistemas hidropônicos torna-os vulneráveis perante qualquer falha ou erro de manejo. (http://www.ep-agricola-torres-vedras.rcts.pt/).

3.4- Nutrição Mineral das Plantas


Para o cultivo sem solo (hidroponia), um dos princípios básicos é o fornecimento de todos os nutrientes de que a planta necessita.
As soluções nutritivas concentradas cotem todos os elementos que as plantas necessitam para seu correto desenvolvimento e adequada produção de raízes, bulbos, talos ou sementes.

3.5 – Composição da solução Nutritiva

Alem dos elementos que os vegetais extraem do ar e da água (carbono, hidrogênio e oxigênio), eles consomem com diferentes graus de intensidade os elementos.

3.5.1 – Indispensáveis para a vida dos vegetais:

Grandes – nitrogênio, fósforo e potássio.
Intermediário – enxofre, cálcio e magnésio;
Muito pequeno – ferro, manganês, cobre, zinco, boro e molibdênio.

3.5.2- Úteis mais não dispensáveis para sua vida:


Cloro, sódio e silício.

3.6 – Funções dos elementos nutritivos nas plantas

Dos 16 elementos químicos considerados necessários para o crescimento saudável das plantas, 13 são nutrientes minerais. Em condições naturais de cultivo (solo) eles entram na planta através das raízes. O déficit de apenas um deles limita ou pode diminuir os rendimentos e, portanto, as utilidades para o cultivador. De acordo com as quantidades que as plantas consomem de cada um deles (nem todos são consumidos em igual quantidade).
A localização dos sintomas de deficiência nas plantas relaciona-se muito com a velocidade de mobilização dos nutrientes a partir das folhas velhas em direção aos pontos de crescimento; no caso dos elementos mais moveis (nitrogênio, fósforo e potássio) que são translados mais rapidamente, os sintomas aparecem primeiro nas folhas mais velhas. Os elementos imóveis, como cálcio e o boro, causam sintomas de deficiência nos pontos de crescimento.
Em alguns elementos, o grau de mobilidade depende do grau de deficiência da espécie e do nível de nitrogênio. Existe muito pouca mobilidade do cobre, do zinco e do molibdênio a partir das folhas velhas até as folhas jovens, quando as plantas estão deficientes nesses elementos. (SMAS, S. J. da Tapera, AL; FOA 2001).
Em cultivos hidropônicos a absorção é geralmente proporcional à concentração de nutrientes na solução próxima às raízes, sendo muito influenciada pelos fatores ambientes, tais como: salinidade, oxigenação, temperatura, pH da solução nutritiva, intensidade de luz, fotoperíodo, temperatura e umidade do ar (Adams, 1992 e 1994 apud Furlani et. al. 1999).
Cada um dos macronutrientes e dos micronutrientes exerce pelo menos uma função dentro do ser vegetal e a sua deficiência ou excesso provoca sintomas de carência, ou de toxidez, característicos. O quadro 01 resume alguns dos papéis desempenhados pelos nutrientes na vida da planta. Os quadros 01 e 02 mostram os sintomas típicos de deficiência e de excesso, respectivamente. (Teixeira, 1996).

Quadro 01 – Funções dos nutrientes de plantas
Nutrientes
Funções
Nitrogênio
Participa das proteínas, ácidos nucleicos e das clorofilas; é ligado à formação de folhas.
Fósforo
Participa dos nucleotídeos, ácidos nucléicos e de membranas vegetais. Interfere no metabolismo das plantas como fonte de energia. É importante para o enraizamento, floração e frutificação.
Potássio
Ativador enzimático, atua na fotossíntese (formação de açúcares). Translocação de açúcares nas plantas, influencia na economia de água e na resistência ao acamamento, a pragas, a doenças, ao frio e à seca.
Cálcio
Constituinte da parede celular, ajuda na divisão celular, atua como ativador enzimático.
Magnésio
Integra a molécula da clorofila, é ativador enzimático e aumenta a absorção de Fósforo.
Enxofre
Constituinte das proteínas e clorofila, de vitaminas e óleos essenciais, importante para fixação de Nitrogênio.
Boro
Participa do processo de síntese do ácido indolacético (hormônio vegetal), dos ácidos pécticos (parede celular), dos ácidos ribonucleicos, das proteínas e do transporte de açúcar nas plantas.
Cloro
Participa do processo fotossintético.
Cobre
É ativador enzimático; influencia na respiração, na fotossíntese e no processo de fixação nitrogenada.
Ferro
Ativador enzimático; importante na síntese da clorofila e dos citocromos, influencia a respiração, fotossíntese e fixação do Nitrogênio.
Manganês
Ativador enzimático e participa da fotossíntese e da respiração (como ativador enzimático).
Níquel
Ativador da encima urease (que faz a hidrólise da uréia nas plantas).
Molibdênio
Influencia no processo da redução de Nitrato no interior das plantas e da fixação do Nitrogênio por leguminosas.
Zinco
Ativador enzimático, síntese do ácido indolacético.


Quadro 02 – Sintomas visuais gerais de deficiência nutricional em vegetais (www.fruticultura.iciag.ufu.br)
1 – Sintomas iniciais em folhas mais velhas.

1.1 – Com verde clara (esmaecida) na folha, abrangendo nervuras e limbo. Com a evolução da carência passa a clorose seguido de seca e queda das folhas...................................................................................................
NITROGÊNIO
1.2 – Inicialmente diminuição do crescimento da planta, desenvolvimento de cor verde escura, seguida de manchas pardas, pardo amareladas, pardo avermelhadas. Porte reduzido, pouco enraizamento .....................
FÓSFORO
1.3 – Clorose em margens e pontas das folhas que, com o progresso da deficiência, evolui para queimadura; atingindo toda a folha
POTÁSSIO
1.4 – Clorose interneval mantendo-se as nervuras verdes ................................
MAGNÉSIO

2 – Sintomas iniciais em folhas mais novas.

2.1 – Morte de pontas de crescimento, internódios curtos, superbrotamento (tufos de folhas), folhas deformadas e pequenas .....................................
BORO
2.2 - Folhas flácidas, por vezes gigantes, clorose reticulada..............................
COBRE
2.3 – Clorose interneval com reticulado fino, evoluindo para folha toda amarela
FERRO
2.4 – Clorose interneval com reticulado grosso .................................................
MANGANÊS
2.5 – Folhas pequenas, internódios curtos e superbrotamento e, por vezes, clorose.........................................................................................................
ZINCO
2.6 – Folhas deformadas, com morte de pontos de crescimento e clorose nas pontas .......................................................................................................
CÁLCIO
2.7 – Cor verde clara na folha. Clorose generalizada .........................................
ENXOFRE

3 – Sintomas iniciais em folhas recém-maduras ou folhas mais novas.

3.1 – Amarelecimento em manchas ou generalizadas, folhas deformadas por má formação no limbo .................................................................................
MOLIBDÊNIO

4– Sintomas iniciais em folha s mais velhas ou mais novas.

4.1 – Murcha, clorose e bronzeamento das folhas ..............................................
CLORO




3.7 - Instalação de Hidroponia no Sistema NFT com substrato


O Projeto foi instalado na cidade de São José da Tapera Alagoas, no período de maio a setembro de 2007. Em uma área de 280 m2 cercado com estacas de madeira e coberto com sombrite 30% 32x16,50 para evitar a penetração de insetos, pássaros e evitar o excesso de sol. Na parte hidráulica utilizamos dois reservatórios de solução nutritiva, um motor bomba, mangueiras de polietileno 16mm, garrafas peti e gotejadores.
O reservatório 01 foi enterrado em local sombreado, sendo utilizado para preparo da solução nutritiva de onde é bombeado para o reservatório 02 que fica elevado a uma altura de 3m. As bancadas apresentam um declínio de 30º e são construídas de madeira respeitando a distância mínima de um metro, onde se instala o processo final de irrigação: distribuição das mangueiras, montagem dos canais com garrafas peti e gotejadores.
O processo de irrigação dos nutrientes ocorreu por gravidade a partir do reservatório 02, distribuindo em 84 canais montados com garrafas peti e onde estão distribuídos 672 mudas de pimenta, plantadas em substrato de casca de arroz carbonizada, com vazão de nutrientes entre 1.0L – 1.5L/hora.
Foram realizados dois experimentos em relação ao substrato a ser utilizado. O experimento 01 mostrado na (figura. 3) foi implantado com 50% de carvão e 50% de areia apresentando as seguintes características cultivares, quadro 3.

Quadro 3 - Características de cultivares de pimenta no sistema hidropônico com substrato de carvão e areia.
Cultivares
Ciclo (dias)
Início de colheita(dias após semeadura)
Planta
CordoFruto
Formato
Peso médio de fruto / Tamanho (diam x comp.)
OutrasCaracterísticas
‘Malagueta’
-
110-120
vigorosa
Verde/Vermelho
alongado
0,6 x 3,2 cm
ardida
‘Malagueta’
-
100-120
vigorosa
Verde/Vermelho
filiforme
2-3 cm comprimento
picante e produtiva
‘Malagueta’
-
100-120
arbustiva
Verde/Vermelho
alongado
0,6-0,7 g / 0,5 x 2,0 cm
muito picante
TIPO DEDO-DE-MOÇA
Dedo-de-Moça’
90(verão)
-
-
verde/vermelho
-
1,2 x 8-10 cm
picante
Dedo-de-Moça’
-
100-120
arbustiva
verde/vermelho
cilíndrico
1 x 13 cm
saborosa e picante
Dedo-de-Moça’
-
110
-
verde/vermelho
cilíndrico
-
picante


O experimento 02 foi montado com substrato 100% palha de arroz carbonizado, mostrado na (figura 4), apresentou as seguintes características cultivares, quadro 4.

Quadro 4. Características de cultivares de pimenta no sistema hidropônico com substrato de palha de arroz carbonizada
Cultivares
Ciclo (dias)
Início de colheita(dias após semeadura)
Planta
CordoFruto
Formato
Peso médio de fruto / Tamanho (diam x comp.)
OutrasCaracterísticas
‘Malagueta’
-
110-120
vigorosa
Verde/Vermelho
alongado
0,6-0,8 x 3-4 cm
ardida
‘Malagueta’
-
100-120
vigorosa
Verde/Vermelho
filiforme
2-3 cm comprimento
picante e produtiva
‘Malagueta’
-
100-120
arbustiva
Verde/Vermelho
alongado
0,6-0,7 g / 0,5 x 2,0 cm
muito picante
TIPO DEDO-DE-MOÇA
Dedo-de-Moça’
90(verão)
-
-
verde/vermelho
-
1,2 x 8-10 cm
picante
Dedo-de-Moça’
-
100-120
arbustiva
verde/vermelho
cilíndrico
1 x 13 cm
saborosa e picante
Dedo-de-Moça’
-
110
-
verde/vermelho
cilíndrico
-
picante












Esquema Básico para Instalação


Figura 03 – Foto Sistema Hidropônico com Substrato 50% areia, 50% carvão; Fonte: Instituto Eco-Engenho.





Esquema Básico para Instalação



























Figura 04 – Foto Sistema Hidropônico com Substrato 100% palha de arroz carbonizada; Fonte: Instituto Eco-Engenho.



3.8 – Método e Técnica de Preparação da Solução Concentrada para Hidroponia


Existem varias formulas de preparar nutrientes que foram usados em diversos paises. Uma forma de preparar uma solução concentrada, aprovada com sucesso em vários paises da América Latina e do Caribe, em mais de 30 espécies de hortaliças, plantas ornamentais e medicinais, compreende a preparação de duas soluções mais concentradas, as quais chamaremos Solução Concentrada A e Solução Concentrada B.
A solução concentrada A aporta as plantas os elementos nutritivos que elas consomem em maior quantidade.
A solução concentrada B aporta, em contrapartida, os elementos que são requeridos em menores proporções, mas essenciais para que a planta possa desenvolver normalmente os processos fisiológicos que farao com que chegue a crescer bem e a produzir abundantes colheitas.


3.8.1 – Solução Concentrada A

3.8.2 – Equipamentos necessários

- Um garrafão plástico com capacidade para 20 litros;
- Três baldes plásticos com capacidade para dez litros cada um;
- Duas garrafas de 10 litros;
- Um copo de precipitado de 2 litros, ou provetas com medidor;
- Balança analítica;
- Um agitador de vidro ou de PVC;
- Duas colheres plásticas de cabo comprido (uma grande uma pequena);
- Papel para pesagem de cada elemento;
- Recipientes plásticos pequenos (copinhos desacatáveis) para ir depositando o material que vai sendo pesado.

3.8.3 – Elementos necessários

Em uma balança analítica pesar os seguintes elementos:
Fosfato mono amônio_____________________________________34 gramas
Nitrato de Cálcio ______________________________________2.080 gramas
Nitrato de Potássio ____________________________________1.100 gramas

3.8.4 – Procedimento Técnico (solução concentrada A)

Em um recipiente plástico medir 6 litros de água e ali colocar os elementos anteriores um por um, já pesados, seguindo a ordem anotada, e iniciamos uma agitação permanente. Só colocamos o segundo nutriente quando já tenha sido dissolvido totalmente, o primeiro e o terceiro, quando já tenham sido dissolvidos os dois anteriores. Completamos a água até completar 10 litros e agitamos durante 10 minutos. A solução devera ser engarrafada em um dos garrafões, etiquetada e conservada em local escuro e fresco.

3.9 – Solução Concentrada B

3.9.1 – Elementos necessários

Em uma balança analítica pesar os seguintes elementos:
Primeiro Grupo
Sulfato de Magnésio _____________________________________492 gramas
Sulfato de Cobre _______________________________________0,48 gramas
Sulfato de Manganês ____________________________________2,48 gramas
Sulfato de Zinco ________________________________________1,20 gramas
Acido Bórico __________________________________________6,20 gramas
Molibdato de Amônio ____________________________________0,02 gramas

Segundo Grupo
Nitrato de Magnésio ___________________________920 centímetros cúbicos
Quelato de Ferro_______________________________________ 8,46 gramas

3.9.2 – Procedimento Técnico (solução concentrada B)

Em um recipiente plástico medir 2 litros de água e colocar os elementos anteriores um por um, já pesados, seguindo a ordem em que foi pesado cada um dos elementos do primeiro grupo; é preferível não colocar nenhum antes que o anterior já tenha dissolvido completamente.
Depois sem deixar de mexer, adicionar o nitrato de magnésio (em forma liquido), por ultimo adicionar o quelato de ferro. Dissolver até que desapareçam todos os resíduos sólidos, completar o volume de água ate obter 4 litros e agitar durante 5 minutos.

4 – PREPARAÇÃO DA SOLUÇÃO NUTRITIVA

Nunca mesclar a solução concentrada A com a solução concentrada B sem a presença de água, pois isto inativaria grande parte dos elementos nutritivos que cada uma dela contém.
A proporção original que deve ser usada na preparação da solução nutritiva é de cinco (5) partes da solução concentrada A por duas (2) partes da solução concentrada B. (FAO, 2000).

Quadro - 05 – proporção das soluções concentradas A e B (http://www.rlc.fao.org)
Concentração
Água
Nutriente A
Nutriente B
total
1 litro
5.0 cc
2.0 cc
Média
1 litro
2.5 cc
1.0 cc
Um quarto
1 litro
1.25 cc
0.5 cc




4.1 - Manejo da solução

Segundo Alberoni (1998), após o preparo da solução, existem alguns fatores que devem ser controlados para o completo e perfeito desenvolvimento da planta, aproveitando ao máximo a solução nutritiva: oxigênio, temperatura, pH e condutividade elétrica.
Em caso de necessitar aplicar solução nutritiva para plantas pequenas (entre o primeiro e o décimo dia de nascidas), emprega-se a concentração média (2.5 cc de nutriente concentrado A e 1cc de nutriente concentrado B por cada litro de água). A concentração média em períodos de altas temperaturas e muito sol, porque nestas épocas o consumo de água é maior do que o dos nutrientes.
Para plantas mais velhas, deve usar-se a concentração total (5cc. Por 2cc. Por litro de água aplicado). Esta é a concentração que deve aplicar-se também em épocas frias, porque nestas condições as plantas consomem maior quantidade de nutrientes.
Cada vez que o nível de água baixa de forma apreciável, devemos encher apenas com água. Cada terceira vez que enchamos, aplicaremos a quantidade de água colocada, a metade da concentração que aplicamos inicialmente. Por exemplo se na terceira vez que enchamos o reservatório de solução necessitar de 10 litros de água para completar o volume inicial, devemos aplicar então, 25cc da solução concentrada A e 10cc da solução concentrada B.



4.2 - Temperatura e Oxigênio

A temperatura da solução não deve ultrapassar os 30ºC, sendo que o ideal para a planta é a faixa de 18ºC a 24º C em períodos quentes e 10ºC a 16ºC em períodos frios. Temperaturas muito acima ou abaixo desses limites causam danos à planta, bem como uma diminuição na absorção dos nutrientes e, conseqüentemente, uma menor produção, com produtos de baixa qualidade. A oxigenação da solução é muito importante. É preciso utilizar uma boa água. A oxigenação pode ser feita durante a circulação da solução no retorno ao reservatório ou com a aplicação de ar comprimido ou oxigênio.

4.3 - Condutividade Elétrica

Esse controle é de grande importância, pois determina quanto adubo há na solução (quantidade de íons). Quanto mais íons tiverem na solução, maior será a condutividade elétrica, e vice-versa. Há um aparelho que mede a condutividade: o condutivímetro. Na utilização desse aparelho, as medidas ideais da solução ficam na faixa de 1,5 a 3,5 miliSiemens/cm, que corresponde a 1.000 à 1.500 ppm de concentração total de íons na solução. Valores acima dessa faixa são prejudiciais à planta, chegando a sua total destruição
Valores inferiores indicam a deficiência de algum elemento, embora não se saiba qual e em que quantidade. A resposta só pode ser obtida com a análise química laboratorial da solução nutritiva.

4.4 - pH

O pH da solução nutritiva é tão importante quanto a condutividade elétrica, pois as plantas não conseguem sobreviver com valores abaixo de 3,5. Os seus efeitos podem ser diretos, quando houver efeito de íons H+ sobre as células; ou indiretos, quando afetam a disponibilidade de íons essenciais para o desenvolvimento da planta.
A solução pode se apresentar ácida, alcalina ou neutra. Valores abaixo de (acidez <> 6,5 e alcalinidade) favorecem a diminuição de ânios (NO3-, H2PO42-, MoO4-). Valores inadequados podem levar à precipitação de elementos.

4.5 - pH da Solução Nutritiva

Durante o processo de absorção de nutrientes as raízes das plantas vão alterando o pH da solução nutritiva. Esse pH significa a acidez ou basicidade da solução nutritiva. As plantas têm o seu desenvolvimento máximo entre pH 5,5 a 6,5 e à medida que elas crescem elas alteram esse pH da solução nutritiva. Por essa razão diariamente após completar o volume da solução com água o pH da solução deve ser medido, Se estiver fora desta faixa de 5,5 a 6,5, ele deverá ser ajustado com ácido se estiver acima de 6,5 e, com base caso esteja abaixo de 5,5: isto é importante para que a planta tenha condições de absorver todos os nutrientes na quantidade que ela necessitar para o seu crescimento.

5.0 RESULTADOS E DISCURSÕES

Os resultados mostram que, durante o período em que o experimento foi montado, o substrato mas propicio para o cultivo das duas espécies de pimentas foi a palha de arroz. Uma vez que a produtividade por planta foi maior, mostrado no gráfico 01.
5.1 – Produtividade Média por Planta

Gráfico -1.









A produtividade para as variedade de pimenta Dedo de moça e Malagueta em media fora cerca 1300g/planta durante os meses da produção. Quando cultivadas no Substrato palha de Arroz.
Entretanto quando as duas variedades cultivadas no substrato constituído por 50% de carvão e 50% de areia apresentaram apenas 950g/ planta em média.
As mudanças na absorção de água e nutrientes, proporcionadas pela variação da condutividade do meio nutritivo, levam as alterações da fisiologia das plantas (Beltrão et al, 1997). Essas alterações relacionam-se, dentre outros fatores, à abertura estomática e ao aumento ou diminuição da área foliar, estando esses fatores intimamente ligados com a eficiência fotossintética, e conseqüentemente, com a produção de material seco pelas plantas, (figura. 05).

Produção de Pimenta no Sistema NFT com Substrato
Figura 5 – Foto Sistema Hidropônico com Substrato; Fonte: Instituto Eco-Engenho.


6.0 Conclusão

Dos substratos Avaliados o que mostrou ser mais adequado para uso foi a palha de arroz devido a vários fatores entre eles a produtividade.
As espécies de pimentas testadas apresentaram melhor produtividade quando o substrato foi à palha de arroz, cerca de 1300g por planta, durante o período do experimento. Levando em consideração os aspectos geográficos da região do médio sertão alagoano, considera-se como viável para produção agrícola no período de estiagem, já que para o sistema citado acrescenta-se, aproximadamente 25 litros de água dia, ou seja, 175 litros de água por semana para manter um projeto com esta dimensão.
São grandiosas as dificuldades. Por exemplo, a montagem do projeto devido aos custos iniciais, como também o acesso aos nutrientes, já que falta mão de obra qualificada para o processo agrícola e, especialistas que possam montar a cadeia nutritiva.









7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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